quinta-feira, 1 de abril de 2010

Imaginem se Jesus tivesse descido da cruz!

O relato bíblico da crucificação é rico em interpretações e significados. Mas ao ler a passagem que se encontra em Mateus 27:33 a 44 algo me saltou aos olhos - Jesus tinha a possibilidade de descer da cruz e se salvar. No entanto, ele escolheu ficar ali, ele escolheu a dor dos cravos comprimindo os seus tendões, ele escolheu sentir o sangue escorrendo pelo seu corpo levando suas forças.

Imagino que o lugar onde ocorria a crucificação, chamado de Gólgota, estava repleto de pessoas, por causa da excepcionalidade do evento. O texto relata que haviam pessoas de vários níveis sociais presenciando aquela condenação, desde ladrões a cidadãos comuns, desde pequenos oficiais até chefes da lei, desde simples crentes até líderes religiosos. Acredito, portanto, que os maiorais daquela sociedade olhavam para o que estava acontecendo e muito se admiravam. Ouso dizer que muitos até gostavam daquilo tudo, pois estava ali aquele que eles acreditavam que ameaçava as suas posições de poder.

Muitos desses maiorais se posicionavam diante do fato com deboche e escárnio. Posso imaginar eles falando: como pode aquele que se diz rei dos judeus, morrer de forma tão vergonhosa, ao lado de ladrões e dependurado assim? Eles deviam olhar para si mesmo e se sentirem jubilosos; pensando: ninguém tira minha posição de autoridade.

Tenho uma vaga ideia de que a dor física que Jesus sentia que era incalculável, não obstante ele também sentia uma dor moral, pois estava em questão a sua glória, a sua posição social e até a sua fé, pois questionavam assim: ele creu em Deus e agora Deus nem se importa em salvá-lo. Imagino que Jesus gostaria de explicar e esclarecer tudo o que estava acontecendo, mas o contexto o impossibilitava.

Tudo aquilo poderia ter sido diferente, ele poderia não ter sentido aquela dor, ele poderia não ter sofrido tal vexame, bastaria apenas ele descer da cruz. Se não soubéssemos hoje de todo o plano, não teria diferença para nós; a vida concreta seguiria o seu curso normal. Mas a grande diferença seria na eternidade, na nossa vida espiritual, pois a morte de Jesus mudou tudo, inclusive a nossa forma de relacionamento com Deus Pai.

Convido você a fazer um exercício comigo: imagine se Deus não tivesse criado todas as cores e feito o mundo apenas preto e branco, para nós não faria diferença, porque não saberíamos que as muitas cores existem. Imagine se Deus não tivesse criado os temperos e nossa comida fosse insípida, para nós não faria a menor diferença, não conheceríamos gosto algum. Se Jesus Cristo descesse da cruz, talvez hoje teríamos que pagar nossos pecados com holocaustos de tempos em tempos. Se ele descesse da cruz, talvez teríamos uma relação distanciada com Deus. Se ele descesse da cruz, poderíamos não ter a real dimensão do amor de Deus. Se ele descesse da cruz, tudo seria diferente e talvez nem perceberíamos isso.

Mas a história nos relata que não foi assim, Jesus permaneceu ali pregado até morrer e depois de três dias, vitoriosamente, ressuscitar.

O mundo foi feito com muitas cores para que a vida fosse mais alegre. O mundo foi feito com muitos temperos, para que a vida tivesse mais sabor. Deus planejou tudo para que a vida fosse plena de significado e planejou inclusive a forma de redimir nossos pecados, para que assim pudéssemos nos reaproximar dele. Por isso Jesus Cristo não desceu da cruz - para que pudéssemos experimentar o completo e perfeito amor de Deus.

Eliéser Ribeiro


Um comentário:

Leonardo disse...

conheci o trabalho de voces numa edicao impressa do jornal o norte.
parabens pelo bom tabalho.

cristaoperegrino.blogspot.com