terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Crises de Fé


Na caminhada cristã, por vezes, temos crises de fé. Essas crises nem sempre são profundas, nem dizem respeito a pontos específicos da fé doutrinária, das convicções intelectuais da esperança cristã. Muitas vezes vivenciamos crises de resposta, que surgem quando somos confrontados pelo mundo e pelas contingências da vida, tendo que responder a elas com atitudes que reflitam nossa esperança e nossas convicções. Fé como resposta, que não vem, pois entramos em crise.
As irmãs de Lázaro vivenciaram algo semelhante. Ao se depararem com a doença que seu irmão fora acometido, tiveram que agir rapidamente por acreditar se tratar de uma doença mortal, que levaria seu irmão à morte. Ao enviar alguém para encontrar Jesus e levar a notícia, recebem uma resposta do mestre que coloca isso em "cheque": essa doença não é para a morte, mas para glória de Deus. Estava posto, portanto, o que chamo a crise do entendimento. A forma como entendemos nossos problemas, no caso delas a doença de Lázaro, é diferente do modo como Jesus os entende. Jesus sabia que aquele problema possuia um objetivo distinto da morte. Tratava-se de glória, não morte. Em nossas vidas o exercício de fé a ser feito é esse: mão deixar que a aparência do problema o defina. Quem define nossos problemas e desafios é o Senhor, e ele nunca nos provará além de nossas forças, isso é certeza de fé. Na caminhada na Graça, Cristo quer que caminhemos com mais leveza e paz, sem a tempestuosidade dos problemas.

Outra crise que abateu essas irmãs e nos encontra também é a crise da espera. Diante dos problemas há sempre que se esperar pela solução. Mas basta vislunbrarmos uma solução e nosso coração já se antecipa a definir o tempo de ação, queremos que aquilo aconteça dentro de um tempo definido. É o caso das irmãs que dizem, ambas a mesma frase, a Jesus: se estivesses aqui meu irmão estaria vivo. Ou seja, se estivesse, de nada vale estar agora. Agora não pode curar uma doença, pois está morto. Mas eu sou a vida e a ressurreição! Mas não pode fazer nada agora...se estivesse antes. Esse pesar nas falas das irmãs demonstra o que acontece conosco. Quando o tempo que designamos passa, pensamos não haver mais solução, e a fé entra em crise. A crise da espera é essa: de não crer que Jesus tem seu próprio tempo de agir em nossas vidas. E que, às vezes, a espera dele, no caso de Lázaro Jesus decide esperar dois dias, trata-se de demonstração de amor. Os versículos 5, 6 do cap.11 mostram isso, Jesus espera por amar. Assim é conosco, o tempo de espera é prova de amor, pois nos prova e amadurece.
Por fim, temos a crise da solução. Jesus manda retirar a pedra do túmulo, e logo Marta responde que não faça aquilo, pois o morto já cheira mal. Queria dizer que não havia mais nada para se fazer, as soluções possíveis já haviam ficado para trás. Agora não há o que fazer. Estava ela limitada pela expectativa que tinha de uma solução. Esperava aquela forma de agir, nenhuma outra. Esperamos o que queremos, não o que devemos. Muitas vezes esperamos algo de Deus, mas não o que devíamos esperar dele, e sim o que queremos deseperadamente em nossos corações cheios de ansiedade. A crise aponta para a solução: Jesus agirá como quer, a seu modo, sempre nos surpreendendo, além de nossas expectativas.
Até quem crê em coisas tão grandiosas como a ressurreição de todos os homens no último dia, pode não ter fé que Jesus pode trazer um morto a vida fora desse tempo.

Fillipe Mendes

Um comentário:

Lei disse...

Meu Deus!! Como eu precisava ler isso, menino!
Que coisa mais maravilhosa!!

Deus te abençoe demais, demais, demais!!