
O céu é lindo! Cativante a simplicidade com que se apresenta a mim, e a perfeição como é retratado com giz de cera nos desenhos infantis.
Por mais que o céu me impressione quando o percebo mais de perto, nos aviões, pára-quedas e coberturas de edifícios, nada se compara a vê-lo daqui, de baixo, da simples terra à qual voltaremos.
Quando é visto do alto, é bonito e diferente, e por isso desperta curiosidade e desejo de contemplá-lo. Mas daqui de baixo não. Daqui o céu é sempre, e sempre será, apenas, o céu. É ele quem me acompanhou no desenrolar dos fatos, e para ele outrora olhei desesperado procurando uma saída, uma solução, ou simplesmente o rosto daqueles que amo.
Daqui de baixo o céu é comum. Daqui o céu é simples. Daqui o céu é perfeito. Daqui o céu é céu!
O céu está sempre no céu, mas raramente é a ele quem busco. Olho para o céu em busca do sol, para me esquentar. Olho para o céu buscando a lua, por estar ao lado de uma bela mulher. Olho para o céu buscando as estrelas para evadir-me de mim e para afastar a melancolia do ceticismo gerado no dia-a-dia. Só não olho para o céu buscando o céu. Ainda assim, ele sempre está lá, no céu.
Em breves momentos durante meu breve e apressado percurso nas ruas da cidade, tenho percebido o céu. Nestes momentos, percebo-o por si mesmo. O céu pelo céu, o azul pelo azul, o algodão pelo algodão.
Ah, se eu pudesse me lembrar mais do céu. Parar o dia, descansar o ponteiro vibrante de meu relógio novo, deixar a pasta no chão, afrouxando a gravata e olhar para cima a fim de simplesmente encontrá-lo novamente, como ‘antigamente’. Esquecer-me do sol, da lua e das estrelas. Esquecer-me do calor, da mulher, do ceticismo. Seríamos somente eu e o céu, este se apoiando por inteiro em minha fronte virada ao infinito, e eu resistindo brevemente em desfocada concentração.
Quando percebi o quanto gosto do céu, percebi o quanto gosto de Deus. Da desfeita feita ao céu, diariamente, é Deus co-participante. Afinal, não olho para Deus buscando a Deus.
Jonas M. Ferreira
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