segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Lutero, um Louco?

Um homem lutando sozinho contra animais ferozes poderia ser chamado de corajoso, mas também ser chamado de louco. Um homem que mergulha em um rio caudaloso e nada contra a correnteza poderia ser considerado alguém muito bem disposto,ou alguém que não faz uso do bom senso. Um homem que resolve encarar sozinho, uma gangue com dezenas de indivíduos perigosos poderia ser visto como um ser de tremenda ousadia, ou como uma pessoa que anda na contra mão da razão.

Por que encontramos essas conclusões? Porque o senso comum e o bom senso estabelecem princípios e padrões de conduta e comportamento que ditam como o homem deveria viver. Em geral não vamos muito longe daquilo que já está pré-estabelecido, seja no campo social, moral ou mesmo religioso.

Lutero não se conformava muito às regras estabelecidas!

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 na cidade de Eisleben, Alemanha. Filho de pais simples, de origem camponesa, levava sobre si grandes expectativas, pois esperavam que tivesse um destino diferente, podendo galgar posições melhores que seus familiares.

Estudou em Erfurt, onde era chamado de “O Filósofo”, e concluiu seus estudos iniciais. Seu projeto era cursar Direito, mas seus planos mudaram radicalmente após uma inusitada experiência.

Voltava de uma visita aos pais quando foi surpreendido no caminho por uma incrível tempestade com intensas descargas elétricas. Conta-se que um raio caiu próximo a Ele que, assustado, fez a promessa a Santa Ana de se tornar um Monge, caso saísse vivo daquela situação. E saiu.

Martinho Lutero foi um monge da Ordem Agostiniana. Destacava-se pela sua intensa devoção, pelo longo tempo dedicado a orações, reflexão e pelo amor ao conhecimento. Seu superior, percebendo a angústia e agonia que vinha tomando a alma do jovem beato – muito exigente consigo mesmo em relação à santidade – o instruiu a se dedicar a outras atividades.

Em 1508, Lutero começa então a lecionar Teologia em Wittenberg. Ele continua seus estudos, gradua-se ainda mais e, rapidamente, se destaca como um grande teólogo e conhecedor profundo das Escrituras em suas línguas originais.

Percebeu pelo estudo da Bíblia que muitos dos ensinamentos da Igreja estavam errados, tais como a doutrina da salvação por obras e a venda de indulgências. Logo pôde ver que o verdadeiro ensino sobre a salvação do homem se baseava numa atitude de fé individual, que proporcionava ao homem um tratamento baseado na graça.

O ato mais notório do reformador que deu início a todo o movimento que ele encabeçou foi a afixação das suas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg que, ao contrário do que se pensa, não foi uma afronta direta a Igreja Romana mas uma proposta para debate.

O que Lutero queria era que suas teses fossem discutidas biblicamente e analisadas com imparcialidade. Aliás, Lutero, a princípio, não queria em hipótese alguma criar uma nova igreja. Como o próprio nome do movimento diz, ele queria reformar a igreja já existente, limpando-a de alguns dos seus erros crassos.

Lutero escreveu algumas obras que foram proscritas pela Igreja Católica; se envolveu em diversas controvérsias; por mais de uma vez foi convocado a se apresentar ao Papa ou a algum representante superior para negar seus ensinos; contudo, em todo momento, Lutero se manteve firme.

A luta de Lutero foi como a de Davi e Golias. Foi como um homem “insensato” que não percebendo os perigos que estão logo à frente continua caminhado corajosamente para dentro da escuridão. Lutero foi um homem diferenciado, enfrentou toda uma estrutura de poder milenar, plenamente estabelecida sobre um fundamento muito resistente.

No entanto, não fraquejou. Se nos perguntarmos se Lutero teve medo, podemos afirmar com grande convicção que sim. Contudo, seu compromisso e fé eram alicerçados no Deus da Palavra e em seguida na sua consciência.

Com este pequeno relato pudemos observar grandes coisas realizadas por Deus por intermédio deste reformador. E esse mesmo Deus age ainda hoje em nós. A pergunta que eu deixo é: de que forma iremos nos importar com esse mundo?

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