quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uns aos outros

"O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei." Jesus Cristo

A expressão "uns aos outros" aparece mais de 50 vezes no Novo Testamento ao lado de um verbo no imperativo. Nas cartas de Paulo é comum encontrar ordens de amor mútuo, exortação mútua, perdão mútuo, submissão mútua, e edificação mútua. O apóstolo João chega até a dizer que é impossível amar a Deus sem amar o próximo.

Todas essas ordens derivam do mandamento único que Jesus estabeleceu pouco antes da Cruz, mandamento que resume toda a Lei: o Amor. Conforme Cristo anunciou, a profundidade desse amor não é rasa como uma mera tolerância ou respeito. Ele quer que o nosso amor seja tal como o amor dEle, um amor capaz de dar a vida. Cristo não morreu para apenas sentirmos o seu amor por nós. O seu sacrifício também serviu de modelo para nos levar à perfeição de caráter. O Seu desejo é que sejamos imitadores de Deus.

Diante dessas verdades, a realidade em que vive boa parte dos cristãos hoje é contrária à ordem do amor. Ainda que haja uma rotina de leitura bíblica, frequência aos cultos, e hábitos de louvor, o individualismo é a roupa que os crentes ainda vestem todos os dias. É comum entrar e sair do templo sem sequer cumprimentar alguém. "Exortação mútua? O que é isso? Confessar pecados uns aos outros? Eu não quero. Edificação mútua? O pastor é o responsável."

Pelo individualismo, corremos o risco de sermos sempre o dono da verdade, elaborarmos uma sofisticada máscara de santidade, e desobedecermos à principal ordem do Nosso Senhor. Esta bolha que cada um de nós possui é o fruto dos esforços do mundo em enfatizar a importância do eu, valorizar o estilo próprio, e apresentar a força do nosso desejo pessoal.

Tais coisas não procedem de Deus. O Cristianismo que o Pai nos propõe consiste em aperfeiçoarmos nosso caráter pelo exemplo de Cristo. É impossível alcançar essa perfeição sem a fraternidade. Há mais do que simplesmente ler a Bíblia e orar. Há um campo na santidade que só se desenvolve ao lado de outros irmãos, para servirem de referência, apoio, feedback, e orientação. O que foi a Ceia com os discípulos senão uma declaração de união espiritual? O que foi o lavar dos pés senão uma demonstração de serviço fraternal? Como é possível desenvolver humildade, submissão, serviço, mansidão, e bondade sem o exercício dessas?


"Jesus Cristo ensinou que nosso compromisso com Ele deve ser de todo coração. Isso quer dizer negar-se a si mesmo, tomar a cruz e seguí-lo. Mas as Escrituras são igualmente claras ao dizer que nossa atitude para com O Ungido se reflete em nossa atitude para seu povo. Como é nossa atitude para a Cabeça, assim será nossa atitude para com seu Corpo. Não podemos estar dedicados de todo coração a Jesus Cristo e apenas medianamente a sua igreja." Arthur Wallis, The Radical Christian.

André César Medeiros

Nenhum comentário: